Enfim, doutor. E agora?

No último sábado, vivi o ritual de passagem mais importante da minha vida. Depois da defesa do doutorado, é uma sensação estranha ser “doutor”. Sinto que o título “doutor” é algo poderoso. E é. Mas olho pra ele e só consigo pensar: “E agora?”

Doutor. PhD.

Sempre relacionei estes termos à pessoas diferentes de mim. Pessoas com raízes e vivências bem distantes daquela que vivi em Magé.

No último sábado, vivi o ritual de passagem mais importante da minha vida. Depois da defesa, é uma sensação estranha ser “doutor”. Me sinto como se finalmente tivesse conseguido tirar a espada Excalibur da rocha, mas que ao mesmo tempo não soubesse o que fazer com ela. Sinto que o título “doutor” é algo poderoso. E é. Mas olho pra ele e só consigo pensar: “E agora?”

As pessoas perguntam pelo futuro.

“E agora?”

“Onde trabalhar?”

“Onde viver?”

Só pergunta “fácil” pras quais não tenho resposta. Talvez a única certeza que eu tenha seja o que quero fazer com o fato de ser “doutor”.

Tem quem queira titulos pra conseguir trabalhos com salários melhores. Outros querem reconhecimento profissional. Como sou filho de uma sociedade capitalista, também tenho esses objetivos. Mas o objetivo maior e primeiro acima da satisfação profissional e material se reflete na pergunta que tem martelado minha cabeça:

Como usar o fato de ser doutor pra contribuir pra uma sociedade mais justa, igualitária, respeitosa e de paz?

Sei que o doutorado é uma conquista individual merecida. Mas o que espero dele é algo público, coletivo e transformador. A questão no meu caso é: como combinar esse objetivo pro bem comum com as pressões estruturais cada vez maiores pra que sejamos individualistas competitivos dispostos a tratar potenciais parceiros como concorrentes ou até mesmo inimigos?

Não tenho resposta.

Só sei que esse é o caminho que quero seguir. Esses são os desafios que quero enfrentar e superar.

E que tudo que resulte desse processo pra vida seja algo beneficie direta ou indiretamente outras pessoas. Afinal, nada somos sozinhos.

Se sou doutor, sou muito grato por todas as amizades, pelo carinho, pelo apoio e pelo orgulho que tanta gente sente de mim.

Obrigado à todos vocês que direta ou indiretamente, pessoalmente ou pelas redes sociais, fizeram parte do meu processo de crescimento pessoal.

Cada coisa escrita ou falada, cada gesto de afeto, cada lembrança compartilhada e cada palavra de apoio me fortaleceram pra eu chegar onde cheguei. À vocês dedico minha conquista.

Em vocês eu penso quando formulo ou mapeio os caminhos que posso seguir. Para nós todos eu pretendo e busco desenvolver meu trabalho. Com muito carinho e afeto: obrigado!

Na foto: eu, minha supervisora Seija Ridell, e a oponente, Prof. Clemencia Rodriguez. Tampere, 06/2016.